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FERNANDO PESSOA - AOS MEUS AMIGOS "Um dia a maioria de nós irá separar-se. Sentiremos saudades de todas as conversas atiradas fora, das descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que partilhámos. Saudades até dos momentos de lágrimas, da angústia, das vésperas dos fins-de-semana, dos finais de ano, enfim... do companheirismo vivido. Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre. Hoje já não tenho tanta certeza disso. Em breve cada um vai para seu lado, seja pelo destino ou por algum desentendimento, segue a sua vida. Talvez continuemos a encontrar-nos, quem sabe... nas cartas que trocaremos. Podemos falar ao telefone e dizer algumas tolices... Aí, os dias vão passar, meses... anos... até este contacto se tornar cada vez mais raro. Vamo-nos perder no tempo... Um dia os nossos filhos verão as nossas fotografias e perguntarão: Quem são aquelas pessoas? Diremos... que eram nossos amigos e... isso vai doer tanto!
DO AUTOR Há momentos em que a decisão de deixar ou não história escrita se põe à razão do individuo. Quer-me parecer que cada personalidade tem a obrigação de deixar às gerações que se seguem a experiência que tenha adquirido. Se aquilo que cada um aprende na vida não for passado aos que o seguem no tempo, então a vida torna-se um eterno recomeço, um ciclo que constantemente parte do zero, um eterno derrapar no conhecimento. A razão da criação deste "Canto" é a disponibilização de histórias.  Histórias vividas, histórias contadas, histórias próprias e outras que, não sendo próprias, foram pelo menos assistidas, eventualmente provocadas, pelo próprio. A intenção é a criação de uma espécie de baú. onde quem quiser poderá procurar "coisas", quaisquer que sejam, que lhe transmitam alegria, ou conhecimento,ou ambos, e tal como num baú, a arrumação será a que for. Não se procure qualquer lógica na arrumação de um baú. Não existe. Se existir alguma, então não é um baú. Com